A HISTORIA DO LOBATO

O bairro do Lobato compreende os núcleos de Alto do Cabrito e Boa Vista do Lobato, além do núcleo do Lobato propriamente dito. Como toda a região do subúrbio ferroviário pertencia a famílias, o Lobato, que já passou por diversas transformações e teve uma parte aterrada, era propriedade de Vasco Rodrigues. Esta região, onde começa o Recôncavo Baiano, foi explorada economicamente desde a chegada dos portugueses ao Brasil, há 500 anos, inicialmente com a extração da madeira, depois com a plantação de cana-de-açúcar, a cultura do tabaco e extração do petróleo. Apresentava uma Capela de Santa Luzia e ilhotas cercadas por manguezais, entre elas a ilha de Joanes, criação de gado e plantações de cana –de- açúcar. O Lobato está localizado na falha geológica de Salvador, ao norte do bairro de São Caetano. Na sua parte mais ao nível do mar é atravessado pela Avenida Suburbana e pela Linha Férrea Federal.

Há 70 anos o petróleo jorrou pela primeira vez no Brasil. O primeiro poço de petróleo do Brasil foi furado no bairro de Lobato. Em 15 quilômetros de litoral estreito, com mangues, baixios e tabuleiros, a praia mais freqüentada nessa região é a de São Tomé de Paripe. Esta praia apresenta parte dela isolada, por se encontrar em área que pertence á Base Naval de Aratu, sendo proibida a aproximação e fundeio no local. Devido 1942 no governo de Getúlio Vargas termos achados o líquido betuminoso - petróleo, daí todo um esforço na época do presidente e da UNE em consolidar o achado e confirmar na Campanha " o petróleo é nosso" decretando a criação da PETROBRÁS - Petróleo Brasileiro S/A, hoje como uma das maiores do mundo, está chegando o momento da auto-suficiência e a necessidade da valorização e desenvolver o bairro onde foi encontrado o petróleo no Brasil - o marco zero - e reaver o passivo que não foi pago com a criação de projetos sustentáveis e uma política de evidenciar a comunidade no cenário do Brasil adotando responsavelmente o subúrbio o bairro. A produção petrolífera baiana que já teve uma média de 150 mil barris/dia na região do Recôncavo, hoje está em 48 mil barris diários, mas a tendência atual é de ampliação. Quando a maré está baixa, os moradores aproveitam para catar mariscos para vender ou consumir em suas casas.

Com a estrutura em ferro fundido, a ponte que liga Plataforma a Lobato, foi projetada em Londres e chegou ao Brasil em 1944, ano em que começaram as obras da ponte. Em 1948, a ferrovia passou pelo processo de eletrificação e em 7/11/1952 a ponte, de 461m, foi inaugurada. No ano seguinte, foi concluída a duplicação do trecho inicial e em 1954, o subúrbio ganhou trens elétricos exclusivos. O primeiro poço de petróleo do Brasil foi furado no bairro de Lobato. A história do petróleo no Lobato remonta ao ano de 1859, à época da construção da Estrada de Ferro Bahia a São Francisco. Lobato é hoje uma estação de trens suburbanos tocados pela CBTU. Fica próxima à praia da enseada dos Tainheiros, antes de a linha cruzar a enseada do Cabrito por uma longa ponte, a ponte São João, construída em 1952 para substituir a original inglesa de 1860, a ponte do Itapagipe. O subúrbio ferroviário que está adentrando na Baía, seguindo a costa leste, chega-se na área denominada de subúrbio ferroviário, local percorrido pelos trilhos das linhas de trem que atendem os 20 bairros da região, sendo os principais: Lobato, São Bartolomeu, Pirajá, Plataforma, Escada, Periperi e Paripe. A linha de subúrbios entre as estações de Lobato e do Paripe corre sempre junto ao mar e é um trajeto muito bonito.

O Programa Saúde da Família foi implantado em Salvador pela Secretaria Municipal de Saúde em junho de 2000. A implantação do PSF em mais um posto médico da região é em razão de seu perfil epidemiológico, carências socioeconômicas e densidade populacional, na proposta de beneficiar com serviços básicos de saúde todos os moradores não somente a região do Lobato, mas sim de todo o Subúrbio Ferroviário, tanto é que nos dez postos que já trabalham com o PSF estão cadastradas atualmente 31 mil famílias residentes nas áreas de Beira Mangue, Itacaranha, Alto de Coutos, Alto do Cruzeiro, Joanes Leste, Joanes Centro-Oeste, Congo, Rio Sena, São Tomé de Paripe e, agora, Boa Vista de Lobato.

SUS - SISTEMA UNICO DE SAÚDE

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Lei Orgânica da Saúde n.º 8080/90 com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à Saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibido cobrança de dinheiro sob qualquer pretexto.

Do Sistema Único de Saúde fazem parte os postos de saúde, hospitais - incluindo os universitários, laboratórios, hemocentros (bancos de sangue), além de fundações e institutos de pesquisa, como a FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Vital Brasil. Através do Sistema Único de Saúde, todos os cidadãos têm direito a consultas, exames, internações e tratamentos nas Unidades de Saúde vinculadas ao SUS, sejam públicas (da esfera municipal, estadual e federal) ou privadas, contratadas pelo gestor público de saúde.

O SUS é destinado a todos os cidadãos e é financiado com recursos arrecadados através de impostos e contribuições sociais pagos pela população em geral e compõem os recursos do governo federal, estadual e municipal.

O Sistema Único de Saúde tem como meta tornar-se um importante mecanismo de promoção da eqüidade no atendimento das necessidades de saúde da população, ofertando serviços com qualidade adequados às necessidades, independente do poder aquisitivo do cidadão. O SUS se propõe a promover a saúde, priorizando as ações preventivas, democratizando as informações relevantes para que a população conheça seus direitos e os riscos à sua saúde. O controle da ocorrência de doenças, seu aumento e propagação são algumas das responsabilidades de atenção do SUS, assim como o controle da qualidade de remédios, de exames, de alimentos, higiene e adequação de instalações que atendem ao público.

O setor privado participa do SUS de forma complementar, por meio de contratos e convênios de prestação de serviço ao Estado – quando as unidades públicas de assistência à saúde não são suficientes para garantir o atendimento a toda a população de uma determinada região.

Segundo o artigo 200 da Constituição Federal, compete ao SUS:

• Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

• Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;

• Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

• Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;

• Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;

• Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;

• Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

• Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

UNIDADE DE SÃO JOSÉ DE BAIXO

A unidade São José de Baixo (onde a turma do Pisco Lobato atua) realiza projetos sociais na região. Nesse vídeo nós entrevistamos os lideres comunitários e as ACS da unidade para que todos pudessem conhecer mais sobre o Lobato e sobre a unidade São José.

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS MICRO ÁREAS

Dentre as principais doenças que acometem a população cuja cobertura assistencial se dá pelo Posto de Saúde São José de Baixo podemos citar a escabiose, doenças infecto-parasitárias e leptospirose.

A escabiose, conhecida popularmente como “sarna” é uma doença parasitária causada por um fungo denominado Sarcoptes scabiei. Trata-se de uma parasita de fácil transmissão e que ocasiona intenso prurido, gerando lesões características na superfície da pele.

Não obstante o fato da escabiose ser considerada uma doença oriunda de maus hábitos higiênicos, a sua transmissibilidade é rápida, tendo vista o fato de que este parasita esta associado a locais de grandes aglomerações, tais como escolas, asilos e casas muito próximas sem ventilação.

Outro motivo de grande procura médica no Posto de Saúde São José de Baixo são as doenças infecto-parasitárias de uma forma geral, uma vez que os pacientes queixam-se de diarréia. Tais infecções podem ser causadas por diversos agentes etiológicos como vírus, bactérias, protozoários ou parasitas o que conduzem à desidratação podendo levar o paciente à morte. Geralmente as pessoas acometidas por diarréia oriunda de quaisquer destes microorganismos tem como principal motivo a falta de saneamento básico (coleta de lixo inadequada, falta de escoamento dos esgotos, acúmulo de lixo, etc.), bem como o fato de serem carecedores de informações no que tange ao cuidado e prevenção da causa dessas doenças.

Também há a prevalência da leptospirose, doença esta causada por uma bactéria, a Leptospira interrogans, presente na maioria das vezes em águas contaminadas (enchentes, enxurradas, rios, córregos, esgotos) pela urina de ratos ou até mesmo de animais domésticos infectados. Sua transmissão se dá através do contato da água contaminada com a pele ou mucosa havendo presença de fissuras e/ou rachaduras em sua superfície. Vale ressaltar o fato de que há cinco notificações de óbitos no Posto de Saúde São José de Baixo devido à infecção prévia de leptospira.

Tais patologias fazem parte do perfil epidemiológico da região pela falta de saneamento básico, serviços que não são prestados pelo governo e são as verdadeiras causas da maioria das doenças que a população é acometida. Ações coletivas e individuais são de suma importância para prevenir e controlar o problema.

Outras doenças comumente encontradas que caracterizam o perfil epidemiológico daquela região são: hipertensão, diabetes e infecções respiratórias.

Não podemos deixar de citar que o índice de gravidez na adolescência apesar de apresentar declínio até o início deste ano de 2010, ainda é considerado alto, pois das trinta (30) gestantes que recebem acompanhamento do Posto de Saúde São José de Baixo pelo menos cinco são menores de 18 (dezoito) anos, totalizando aproximadamente 16,6% dos casos.

PREVENÇÃO - DIABETES E HIPERTENSÃO

Diabetes e hipertensão são duas doenças muito recorrentes na região do Lobato. Como forma de conscientizar e prevenir desses males, nós postamos dois vídeos (divertidíssimos) sobre o assunto:

Video sobre Diabetes



Video sobre Hipertensão

CENTRO DE REFERÊNCIAS - CRAS & OUTROS

Alguns centros de referência por nós visitados

A sigla CRAS significa Centro de Referência de Assistência Social, sendo um órgão público municipal, integrante da política de assistência social, geralmente situado em locais que apresentam vulnerabilidade social, em decorrência de diversos fatores, o que, em última análise o risco social é determinante.

Dessa forma, o CRAS, através dos profissionais que o compõe (assistente social, psicólogo, advogado, dentre outros colaboradores), presta serviços à comunidade visando ampliar programas assistenciais de proteção social básica às famílias e também individualmente aos seus componentes, tais como cadastramento nos programas bolsa família e pro jovem.

Ou seja, quando da promulgação da Constituição Federal de 1988, a assistência social foi elevada ao mesmo patamar da saúde e da previdência social constituindo o SUS. Logo após em 1993, com o advento da Lei Orgânica da Assistência Social, tal atividade foi considerada materialmente como uma das formas de garantir os direitos referentes à cidadania.

Nos idos de 2005, foi implantado o Sistema Único de Assistência Social (Suas) em todo o território nacional, enaltecendo, mais uma vez, o papel relevante da assistência social. Em outras palavras, estamos diante de leis que garantem o serviço público direcionado às famílias carentes, portadores de necessidades especiais, etc.

O Suas abrange ações de caráter preventivo e também quando há efetiva violação dos direitos. Para isto lá se encontram profissionais de múltiplas áreas, tais como advogado, permitindo o acesso aos meios ordinários de defesa.

O Programa de Atenção Integral as Famílias (PAIF) é desenvolvido pelo CRAS através da sua equipe multidisciplinar realizando ações que visem acolher, informar, orientar e inserir em serviços de assistência social, bem como socio-educativos, terapias de convivência, encaminhamento a outras políticas, promoção de acesso à renda e acompanhamento sócio-familiar.

Dentre os objetivos do PAIF, podemos citar: contribuir para a prevenção e o enfrentamento de situações de vulnerabilidade e risco social, fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, promoção das aquisições sociais e materiais às famílias, com o objetivo de fortalecer sua autonomia.

O público alvo do PAIF são pessoas desprovidas economicamente, possuindo um padrão de vida abaixo do considerado mínimo, com baixo acesso ou mesmo nulo aos serviços públicos, famílias fragilizadas no que tange às suas relações afetivas, discriminadas por algum aspecto especial.

Não obstante o projeto do CRAS ser altamente louvável e necessário, na prática deixa a desejar, principalmente no que tange ao material físico e humano disponíveis: na unidade visitada só há um psicólogo, um advogado e duas assistentes sociais, além dos seus estagiários e colaboradores. Ou seja, é humanamente impossível esses profissionais atuarem de maneira ótima, apesar do seu visível empenho.

CENTRO DE REFERÊNCIAS - CAPS

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são órgãos de competência municipal, abertos à comunidade, foram instituídos proporcionando aos indivíduos portadores de transtornos mentais a possibilidade de tratamento e reinserção social, contribuindo, assim, a diversas melhorias tais como majoração da sua capacidade laboral. Dentre as sua funções, destacamos:

• Prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos;

• Acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território;

• Promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais;

• Regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação

• Dar suporte a atenção à saúde mental na rede básica;

• Organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios;

• Articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado território

• Promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

O CAPS visa garantir aos postadores de doenças psiquiátricas a oferta de serviços distintos de um hospital convencional, assemelhando-se no aspecto físico a uma clinica, propondo ao usuário a responsabilização pela sua estabilização emocional.

As doenças psiquiátricas são subestimadas em quase todos os estudos que apresentam as causas de morbidade de uma população, refletindo, dessa forma, negativamente em possíveis tratamentos e/ou controle. O perfil populacional traçado por estes estudos permitem ações planejadas face ao município. Ademais o CAPS leva em consideração o sujeito e a realidade que o cerca, ou seja, sua individualidade e seu convívio e laços sociais.

EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS POR NÓS

Durante o período em que estivemos na comunidade vivemos experiências incríveis e queremos compartilhar algumas delas:

Video da visita ao CRAS (Centro de Referencia de Assistência Social) e dos trabalhos na unidade São José de Baixo, além do nosso passeio no trem. Conheçam um pouco mais sobre a unidade onde são realizados os trabalhos sociais do PISCO e dos ACS.

A historia de André. Um relato verídico que comoveu a todos nós. A historia nos mostra a realidade de muitas crianças (uma realidade da região do Lobato) e como os trabalhos sociais melhoram a vida desses bebês.

A peça teatral dos dentinhos Siso e Nino. O trabalho foi realizado pela turma em algumas escolas da região e ensina de forma lúdica a respeito da higiene bucal. Divirtam-se!

MAPAS & LOCALIZAÇÃO

Os mapas abaixo mostram um pouco sobre o trabalho dos agentes comunitários do Lobato, informando a área de abrangência de cada ACS e os trabalhos realizados na região.

REFLEXÃO DO PISCO

Todos nós aguardávamos o grande momento em que começaria o PISCO – Programa de Integração a Saúde na Comunidade. As expectativas estavam lá em cima, a vontade de trabalhar em prol da comunidade.

Chegamos a Unidade de Saúde de São Jose de Baixo e talvez o primeiro sentimento geral tenha sido o de estar pisando no desconhecido, o entusiasmo da novidade, a vontade de querer aprender tudo de uma só vez, num único dia. Com o passar das semanas nos acostumamos com as idas ao bairro do Lobato, nos adaptamos ou tentamos nos adaptar ao estilo de vida que segue na comunidade. Conhecemos muitas famílias das quais ajudamos com palavras de conforto, orientação medica, incentivando a procurar ajuda na unidade de Saúde, a realizar os exames solicitados pelos médicos, enfim, a cuidar melhor da saúde do seu lar.

Foram pacientes de várias patologias, dentre as principais estão Diabetes e Hipertensão. Tivemos o total apoio da comunidade, da Unidade de Saúde e principalmente das Agentes Comunitárias Olivia e Luciene.

Com todas as experiências vividas nesse semestre no PISCO, tanto as boas vivências quanto as mais tristes realidades, concluímos que o PISCO, dentro do cenário social da saúde brasileira, é uma atitude louvável. Vimos de perto o que é saúde e como a maior parte da sociedade tem acesso dificultoso a ela. Esperamos contribuir para melhorar a sistema de saúde publica brasileiro e colocar em pratica as proposta do SUS. Agradecemos por essa oportunidade e que nos outros semestres seja tão bom quanto, ou melhor, para o nosso aprendizado nos próximos semestres.